O que a vitória da direita e do centrão sinaliza sobre a condução da economia do país

Economia

Perfil de vitoriosos diz muito sobre expectativas de eleitores sobre como Brasil deve ser administrado, não só na pauta dos costumes, mas também da economia

O resultado das eleições municipais no domingo deu vitória inconteste ao campo político da direita e dos candidatos identificados com o chamado centrão, uma mistura de ideologias com tendência maior para a centro-direita. Mesmo não sendo uma novidade no país, este perfil dos vitoriosos diz muito sobre as expectativas dos eleitores sobre como o Brasil deve ser administrado, não só na pauta dos costumes, mas também da economia.

A direita brasileira e seu entorno tem programas mais liberais na economia, a favor das privatizações e, pelo menos em tese, de maior responsabilidade fiscal. Mas também é inegável que o populismo habita nos discursos e, a despeito da presença do ministro mais liberal que já passou pela Fazenda, Paulo Guedes, as medidas populistas foram aceleradas no governo Bolsonaro.

O que as urnas disseram à esquerda brasileira é que a fórmula e o pacote oferecido aos brasileiros não convencem mais a maioria. Há uma mistura entre as expectativas sobre as pautas de costume, os valores sociais que vão prevalecer, até porque, tudo depende de como a economia vai reagir aos novos comportamentos.

Um sinal de que o resultado econômico puro e simples não é suficiente está nas pesquisas mais recentes sobre avaliação do governo Lula. Mesmo com crescimento mais forte e o menor desemprego em uma década, aumentou a percepção de que as coisas não vão bem. A aprovação do presidente petista ainda está em patamar elevado, mas perdeu pontos nas últimas semanas.

O resultado das eleições municipais chega como uma confirmação de que as demandas sociais mudaram, o que vai exigir uma correção de rumos de Lula e seu partido. Ao insistir que o estado tudo resolve, que é o poder público que define o que é prioridade para os cidadãos, que os cofres públicos não têm limite, o governo petista pode acelerar sua perda de espaço político.

O recado da votação também serve para o Congresso Nacional, que tem responsabilidade sobre boa parte do desarranjo fiscal que o país enfrenta agora. Ao se apropriar de fatia considerável do orçamento federal, aprovar benefícios sem lastro e resistir à transparência na alocação do dinheiro público, o parlamento se distancia do que a expectativa da maioria revelada pelas urnas apresenta.

A radicalização e a violência políticas se somam a esse quadro impondo uma reação responsável e coordenada daqueles que estão hoje no poder. Sob o risco de perda do controle sobre a agenda sustentável para a economia brasileira e a manutenção dos avanços conquistados nos últimos anos.

Fonte: CNN Brasil

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