Greve dos aplicativos consiste em não utilizar as plataformas digitais impostas pela Seduc, inclusive nas atividades pedagógicas
Professores de todo o Estado de São Paulo fazem, entre os dias 13 e 19 de maio, a ‘greve dos aplicativos’ em protesto ao uso de plataformas de inteligência artificial no ensino público estadual.
O movimento foi aprovado em assembleias realizadas pelo Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado (Apeoesp), que emitiu um comunicado afirmando que a greve também tem um caráter pedagógico, citando estudos internacionais, inclusive da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que indicam que o uso excessivo de meios digitais na educação pode prejudicar a aprendizagem dos estudantes.
A mobilização proposta inclui uma grande assembleia no dia 24 de maio, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), com uma caminhada até a Secretaria de Educação (Seduc). A greve dos aplicativos consiste em não utilizar as plataformas digitais impostas pela Seduc, inclusive nas atividades pedagógicas.
A Apeoesp enfatizou que, de acordo com a Constituição Federal, os servidores públicos têm o direito de se organizar em sindicatos e de fazer greve. A decisão de iniciar a “Greve dos Aplicativos” foi tomada em uma Assembleia Geral no dia 26 de abril, e teve início no dia 13 de maio.
Em entrevista à Central Única dos Trabalhadores (CUT), o primeiro presidente da Apeoesp, Fabio Santos de Moraes, afirmou que tanto os professores quanto os alunos consideram insatisfatório o método educacional imposto pelo governo estadual. De acordo com ele, esse método não apenas falha em promover qualidade no ensino, mas também tende a mecanizar a educação, prejudicando a relação essencial entre aluno e professor.
“As plataformas simplesmente padronizam o ensino para milhões de alunos no estado, que tem diferentes realidades. Não podemos aceitar que alguém, em algum lugar, decida o que todos devem aprender, sem respeitar especificidades”, diz ele.
O dirigente também destacou a importância do uso da tecnologia, mas salientou que esta deve ser empregada de forma a complementar o trabalho do professor, não simplesmente substituí-lo.
“As plataformas são autoritárias sob todos os pontos de vista. Elas padronizam conteúdo, obrigando o professor a seguir aquele método naquele momento. O professor faz a chamada e já entra o conteúdo da aula na plataforma. Ele não decide como será o dia de acordo com as especificidades, de acordo com o momento. Não pode usar textos complementares, livros, apostilas, nada. Os aplicativos e as plataformas digitais estão transformando o ensino numa atividade fria, formatada e distante, resultando em um péssimo aprendizado”, afirmou.
Em nota, a Seduc afirmou ao Terra que as plataformas digitais são recursos tecnológicos agregadores na produção pedagógica desenvolvida em sala de aula, fazendo parte do conteúdo ministrado pelos docentes, e continuam sendo utilizadas normalmente.
“Todos os recursos oferecidos pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo têm o objetivo de aprimorar as habilidades dos estudantes e promover o avanço dos índices educacionais de São Paulo”, acrescentou a pasta.
Fonte: terra.com.br